viernes, 1 de abril de 2011

Línguas indo-europeias




Mapa da Europa por família de línguas, contendo as línguas indo-europeias.
     O indo-europeu é uma ampla família de línguas que engloba a maior parte das línguas europeias antigas e em uso. Tem este nome porque corresponde à região geográfica que se estende da Europa e Irão até a Índia setentrional. São cerca de 450 línguas, faladas por aproximadamente três bilhões de pessoas, cerca de metade da população mundial. A sua grande expansão no mundo resulta em grande parte — mas não maioritariamente — dos empreendimentos coloniais europeus a partir do século XV. As línguas pertencentes a esta família mostram parecenças significativas ao nível do vocabulário e gramática.
  
 História da descoberta da família de línguas indo-europeias
     No final do século XVIII, alguns linguistas começaram a dar-se conta de que algumas línguas antigas da Europa e da Ásia, nomeadamente o latim, o grego e o sânscrito apresentavam semelhanças tão notáveis em suas gramáticas que indicavam a existência de uma origem comum.
    Essa célebre observação, feita em 1786 por Sir William Jones, marca o início do reconhecimento oficial do indo-europeu como uma família lingüística. Logo ficou claro que o gótico (e as outras línguas germânicas), o persa antigo (e as outras línguas iranianas) e as línguas célticas também tinham origem comum, assim como as línguas eslavas, o albanês e o arménio.
     Um século mais tarde, textos escritos em várias línguas, há muito extintas, foram desenterrados na Anatólia e na Ásia Central. Depois de decifrados esses documentos, provou-se que haviam sido escritos em antigas línguas indo-européias: o hitita (e algumas outras línguas da Anatólia), no primeiro caso, e o tocário no segundo. Umas poucas outras antigas línguas indo-européias foram descobertas em inscrições, mas são tão precariamente documentadas que pouco é possível saber a seu respeito.


Grupos linguísticos (em negrito as línguas extintas)
  • Língua trácia
Ocidental
  • galindiano, jatvingiano, prussiano
Oriental
  • Tocário A, Tocário B
     A língua sânscrita, ou simplesmente sânscrito, (संस्कृत; em devanāgarī, pronuncia-se saskta) é uma língua da Índia, com uso litúrgico no Hinduísmo, Budismo, Jainismo. O sânscrito faz parte do conjunto das 23 línguas oficiais Índia. Com relação à sua origem, a língua sânscrita é uma das línguas indo-européias, pertencendo, portanto, ao mesmo tronco lingüístico de grande parte dos idiomas falados na Europa. Um dos sistemas de escrita tradicionais do sânscrito é o devanāgarī, uma escrita silábica cujo nome é um composto nominal formado pelas palavras deva ("deus", "sacerdote") e nāgarī </noinclude> ("urbano(a)"), que significa "[escrita] urbana dos deuses". O sânscrito foi registrado ao longo de sua história sob diversas escritas, visto que cada região da Índia possui uma escrita e uma tradição cultural particularmente diferenciada. A escrita devanágari (seu nome, em português, é acentuado como proparoxítona) acabou-se tornando a mais conhecida devido a ser a mais utilizada em edições impressas de textos originais.
    É uma das línguas mais antigas da família Indo-Européia. Sua posição nas culturas do sul e sudeste asiático é comparável ao latim e o grego na Europa e foi uma proto-língua, pois influenciou diversas outras línguas modernas. Ela aparece em forma pré-clássica como o sânscrito védico, sendo o idioma do Rigveda o seu estado mais antigo preservado, desenvolvido em torno de 1500 a.C.[1]; de fato, o sânscrito rigvédico é uma das mais antigas línguas indo-iranianas registradas, e um dos membros mais antigos registrados da família de línguas indo-européias[2]. O sânscrito é também o ancestral das linguagens praticadas da Índia, como o Pali e a Ardhamgadhi. Pesquisadores descobriram e preservam mais documentos em sânscrito do que documentos em latim e grego. Os textos védicos foram escritos em uma forma de sânscrito.

História
      O nome do idioma saṃskṛtam é derivado do particípio passado saṃskṛtaḥ 'feito por si próprio', do verbo saṃ(s)kar- 'fazer-se', formado por saṃ- 'com, junto, auto-' e (s)kar- 'fazer, criar'. No uso moderno, o adjetivo verbal saṃskṛta- passou a significar "culturado", "refinado". A linguagem chamada de saṃskṛtā vāk "a língua dos culturados" tem sempre sido, por definição, um "alto" idioma, usado para discurso religioso e instruído, e contrasta com as linguagens faladas pelo povo. Também é chamado de deva-bhāā, que significa "linguagem dos deuses". A mais antiga gramática do sânscrito conhecida é o Aṣṭādhyāyī ("Gramática de Oito Capítulos") de Pāṇini, aproximadamente do século V a.C.. É essencialmente uma gramática prescritiva, isto é, uma autoridade que define (ao invés de descrever) o sânscrito correto, embora contenha partes descritivas, mais para registrar formas védicas que já haviam caído em desuso no tempo de Panini.
     O sânscrito pertence à subfamília indo-iraniana da família indo-européia de línguas. Como tal, é parte do grupo Satem de línguas indo-européias, que também inclui o tronco balto-eslávico.
     Quando o termo surgiu na Índia, "sânscrito" não era considerado uma linguagem específica separada das outras, mas uma maneira particularmente refinada ou aperfeiçoada de se falar. Conhecimento de sânscrito era uma marca de classe social e educação, e a linguagem era ensinada principalmente para membros de castas mais altas, através de análise profunda dos gramáticos sânscritos como Pāṇini. Sânscrito, como a linguagem instruída da Índia antiga, assim existiu junto com os prácritos (vernáculos), que evoluíram nas linguagens indo-arianas modernas (hindi, nepali, assamês, marata, concani, urdu, bengali etc.). O sânscrito foi exposto à influência do substrato das línguas dravidianas desde tempos muito antigos[3].

 Sânscrito védico
     Sânscrito, como definido por Pāṇini, evoluiu da forma mais antiga, a "védica". Estudiosos geralmente distinguem sânscrito védico e sânscrito clássico ou "paniniano" como dialetos separados. No entanto, são muito similares e só diferem em alguns pontos de fonologia, vocabulário e gramática. O sânscrito clássico é considerado como tendo descendido do sânscrito védico. O sânscrito védico é a linguagem dos Vedas, uma extensa coleção de hinos, encantamentos e discussões religio-filosóficas que são os textos religiosos mais antigos da Índia e da religião hindu. Lingüistas modernos consideram os hinos métricos do Rigveda Samhita os mais antigos, compostos por muitos autores ao longo dos séculos de tradição oral. O fim do período védico é marcado pela composição dos Upanishads, que formam a parte conclusiva do corpus védico nas compilações tradicionais. A hipótese atual sustenta que a forma védica do sânscrito sobreviveu até a metade do primeiro milênio AC. Foi por volta dessa época que o sânscrito começou a transição de uma primeira linguagem a uma segunda linguagem de religião e instrução, marcando o começo do período clássico[4].

Sânscrito clássico
    Uma forma significante do sânscrito pós-védico é encontrada no sânscrito dos épicos hindus—o Ramayana e o Maabárata. Os desvios de Pāṇini nos épicos são geralmente considerados como sendo por causa da interferência dos prácritos ou "inovações"[5], e não por serem pré-paninianos." Estudiosos tradicionais de sânscrito chamam tais desvios de aarsha (आर्ष), ou "dos rishis", o título tradicional dos autores antigos. Em alguns contextos havia ainda mais "pracritismos" (uso de palavras e expressões da fala comum) que na forma própria do sânscrito clássico. Finalmente, há uma linguagem chamada de "Sânscrito híbrido budista" por estudiosos, que é, na verdade, um prácrito ornamentado com elementos sanscritizados. De acordo com Tiwari ([1995] 2004), houve quatro principais dialetos do sânscrito: paścimottarī </noinclude> (do noroeste, também chamado de setentrional ou ocidental), madhyadeśī </noinclude> (central, lit., "do meio do país"), pūrvi </noinclude> (oriental) e dakṣiṇī </noinclude> (meridional, surgido no período clássico). Os três primeiros são até mesmo registrados nos Brāhmaṇas </noinclude> védicos, de que o primeiro era considerado o mais puro (Kauṣītaki Brāhmaṇa, 7.6 </noinclude>).

Escolaridade européia
     A escolaridade européia em sânscrito, iniciada por Heinrich Roth (1620–1668) e Johann Ernst Hanxleden (1681–1731), é considerada responsável pela descoberta da família lingüística indo-européia por Sir William Jones, e teve um papel importante no desenvolvimento da lingüística ocidental.
     Sir William Jones, falando com a Asiatic Society em Calcutá (atual Kolkata) em 2 de fevereiro, 1786, disse:
A linguagem Sânscrita, seja qual for sua idade, é de uma linda estrutura; mais perfeita que o Grego, mais copiosa que o Latim, e mais precisamente refinada que os dois, ainda compartilha com ambos uma forte afinidade, tanto nas raízes dos verbos quanto nas formas de gramática, mesmo que possivelmente tenha sido criada por acidente; é, na verdade, tão forte, que nenhum filólogo poderia examinar as três sem acreditar que tenham nascido de uma fonte comum, que, talvez, nem exista mais.[6]

Sistemas de transliteração para línguas latinas
A prática de transcrever os caractéres sânscritos para a escrita em alfabeto latino chama-se transliteração. Há várias normas vigentes para a transliteração de outras escritas, como o sânscrito, para o alfabeto latino.
A transliteração acadêmica, a mais usada na tradução dos textos clássicos para o ocidente, é a IAST (sigla em inglês para International Alphabet of Sanskrit Translation, "alfabeto internacional de transliteração do sânscrito"), que usa diacríticos.
A transcrição ITRANS tem sido a mais usada na internet, e é encontrada em vários sites produzidos na Índia, pelo fato de não usar diacríticos - que não existem em inglês, a língua usada em computação. Em lugar deles, dobra a letra ou usa maiúsculas para indicar a diferença de pronúncia. Isto é possível pelo fato de o sânscrito não possuir letras maiúsculas.
A transcrição Harvard-Kyoto também é muito utilizada. Foi criada pela Universidade de Harvard e pela Universidade de Kyoto como sistema de transliteração em ASCII para o sânscrito e outras línguas que utilizam o Devanágari. É utilizada predominantemente em e-mails e textos eletrônicos.

Pronúncia
Com o advento da internet e o ressurgimento do sânscrito como língua falada, têm surgido cada vez mais sites que ensinam a pronúncia do sânscrito. O uso do som torna desnecessário recorrer a complicados sistemas de transliteração, que costumam gerar discussões bizantinas sobre prosódia e ortoépia, já que se pode aprender a pronunciar cada letra ouvindo-a.

Influência
 Nas línguas vernáculas
A maior influência do sânscrito é exercida sobre as línguas que se desenvolveram a partir do seu vocabulário e base gramatical. O sânscrito é valorizado como repositório de escrituras e a língua das preces hindus, especialmente entre as elites indianas. Comparável ao que é o latim para as línguas europeias e o chinês clássico para as línguas da Ásia Oriental, a influência do sânscrito tem sido grande na maioria das línguas indianas.
Apesar de as preces nas línguas vernáculas serem comuns, os mantras em sânscrito são recitados por milhões de hindus e a maioria das atividades dos templos são conduzidas inteiramente em sânscrito, muitas vezes na forma védica. Nas línguas indianas modernas, enquanto que o hindi e o urdu tendem a ser mais fortemente influenciados pelo persa e pelo árabe, o bengali, o assamês, o concani e o marata mantêm um vocabulário com uma ampla base no sânscrito. O hino nacional, Jana Gana Mana, é escrito numa forma literária de bengali (conhecido como shuddha bhasha), sanscritizado de modo a ser reconhecível, mas ainda arcaico para o ouvido moderno.
A música nacional indiana Vande Mataram, que foi originalmente um poema composto por Bankim Chandra Chattopadhyay tirado do seu seu livro Anandamath, está igualmente numa forma altamente sanscritizada de bengali. O malaiala, o télugo e o canará também combinam uma grande quantidade de vocabulário baseado 
no sânscrito.

Tentativas de o reviver
O censo indiano de 1991 referiu 49.736 falantes fluentes de sânscrito. Desde os anos 90, os esforços para reviver o sânscrito falado têm aumentado. Muitas organizações como a Samskrta Bharati realizam conferências de sãnscrito falado para popularizar a língua. O Departamento Central de Educação Secundária na Índia tornou o sânscrito uma terceira língua (apesar de ser uma opção para a escola adoptá-la ou não, sendo a outra escolha a língua oficial do estado) nas escolas que coordena. Nestas escolas a aprendizagem do sânscrito é uma opção entre o 5º e o 8º anos. Isto é verdade para a maioria das escolas, incluindo mas não estando limitado às escolas missionárias cristãs, também afiliadas com o Departamento Central de Educação Secundária, especialmente nos estados onde a língua oficial é o hindi. O Sudharma, o único jornal diário em sânscrito têm sido publicado a aprtir de Mysore, na Índia, a partir do ano de 1970.
O sânscrito é além disso falado como língua materna pela população da aldeia de Mattur no Karnataka. As pessoas de todas as castas aprendem o sânscrito a partir da infância e conversam usando a língua.

 

Gramática do sânscrito

     A gramática do sânscrito tem um sistema verbal complexo, uma rica declinação nominal e um uso extensivo de substantivos compostos. Foi estudada e codificada por gramáticos sânscritos do período védico tardio (século VIII a.C., aproximadamente), culminando na gramática Pāṇiniana do século IV a.C..

Tradição gramatical

     A tradição gramatical do sânscrito (vyākaraṇa, uma das seis disciplinas do Vedanga) começou no início da Índia védica e culminou no Aṣṭādhyāyī de Pāṇini, que consiste de 3990 sutras (ca. século V a.C.). Após um século, Pāṇini (por volta de 400 a.C.) Kātyāyana compôs Vārtikas sobre os sũtras paninianos sũtras. Patañjali, que viveu três séculos após Pānini, escreveu o Mahābhāṣya, o "Grande Comentário" sobre o Aṣṭādhyāyī e Vārtikas. Devido a esses três antigos gramáticos sânscritos, essa gramática é chamada de Trimuni Vyākarana. Para entender o significado dos sutras, Jayaditya e Vāmana escreveram um comentário chamado Kāsikā 600 d.C.. A gramática paniniana é baseada em 14 Shiva sutras (aforismos), onde todo o Mātrika (alfabeto) é abreviado. Essa abreviação é chamada de Pratyāhara.[1]

Verbos

Classificação dos verbos

     O sânscrito tem dez classes de verbos divididos em dois grupos principais: atemático e temático. Os verbos temáticos são assim chamados porque um a, chamado de vogal temática, é inserido entre a raiz e a terminação, o que faz com que os verbos temáticos sejam geralmente mais regulares. Expoentes usados na conjugação de verbos incluem prefixos, sufixos, infixos e reduplicação. Cada raiz tem graus zero, gua e vddhi (não necessariamente de todo distintos). Se V é a vogal do grau zero, a vogal no grau gua é tradicionalmente considerada a + V, e a vogal no grau vddhi é ā + V.

Tempo verbal

     Os tempos verbais (uma aplicação muito inexata da palavra, já que são usados para expressar mais distinções, e não só tempo) são organizados em quatro 'sistemas' (além de gerúndios e infinitivos, tal como intensivos/frequentativos, desiderativos, causativos e benedictivos derivados de formas mais básicas) baseados em diferentes formas da raiz (derivados de raízes verbais) usados em conjugações. Há quatro sistemas de tempo verbal:

 Sistema do presente

     O sistema do presente inclui os tempos verbais presente e pretérito imperfeito, os modos optativo e imperativo, e algumas formas restantes do antigo subjuntivo. A raiz que forma os tempos do presente é formada de várias formas. Os números que seguem são os números dos gramáticos nativos para essas classes.
     Para verbos atemáticos, a raiz do tempo presente pode ser formada por
  • 2) Nenhuma modificação, por exemplo ad de ad 'comer'.
  • 3) Reduplicação prefixada à raiz, por exemplo juhu de hu 'sacrificar'.
  • 7) Infixação de na ou n antes da consoante final da raiz (com as mudanças de sandhi apropriadas), por exemplo rundh ou ruadh de rudh 'obstruir'.
  • 5) Sufixação de nu (forma em gua no), por exemplo sunu de su 'pressionar'.
  • 8) Sufixação de u (forma em gua o), por exemplo tanu de tan 'estirar'. Para propósitos da lingüística moderna, é melhor tratá-la como uma subclasse da quinta. tanu deriva de tnnu, que é o grau-zero de *tannu, porque, no idioma proto-indo-europeu, [m] e [n] podiam ser vogais, que, em sânscrito (e grego), mudaram para [a]. A maior parte dos membros da oitava classe surgiram desta maneira; kar = "criar", "fazer" era da quinta classe no sânscrito védico (krnoti = "ele faz"), mas mudou para a oitava classe no sânscrito clássico (karoti = "ele faz")
  • 9) Sufixação de (grau zero de ou n), por exemplo krīa ou krīī de krī 'comprar'.
     Para verbos temáticos, a raiz do tempo presente pode ser formada por
  • 1) Sufixação da vogal temática a com fortalecimento gua, por exemplo, bháva de bhū 'ser'.
  • 6) Sufixação da vogal temática a com uma mudança de acentuação para essa vogal, por exemplo tudá de tud 'empurrar'.
  • 4) Sufixação de ya, por exemplo dī́vya de div 'jogar'.
     A décima classe descrita por gramáticos nativos se refere a um processo que é derivacional por natureza, e, portanto, não é uma verdadeira formação de raiz de um tempo verbal. É formada por sufixação de ya com grau gua e alongamento da última vogal da raiz, por exemplo bhāvaya de bhū 'ser'.

 Sistema do perfeito

     O sistema do perfeito inclui só o perfeito. A raiz é formada com reduplicação, igual com o sistema presente.
     O sistema do perfeito também produz formas "fortes" e "fracas" separadas do verbo — a forma forte é usada com o singular ativo, e a forma fraca com o resto.

 Sistema do aoristo

     O sistema do aoristo inclui o aoristo próprio (com significado de passado indicativo, por ex. abhū "tu foste") e algumas das formas do antigo injuntivo (usado quase exclusivamente com em proibições, por ex. mā bhū "não sejas"). A principal distinção dos dois é a presença/falta de um prefixo – a- na raiz.
     A raiz do sistema do aoristo, na verdade, tem três formações diferentes: o aoristo simples, o aoristo com reduplicação (semanticamente relacionado ao verbo causativo), e o aoristo sibilante. O aoristo simples é formado diretamente da raiz do verbo (por ex. bhū-: a-bhū-t "ele foi"). O aoristo com reduplicação involve reduplicação, e também redução vocálica da raiz. O aoristo sibilante é formado com a sufixação de s à raiz.

 Sistema do futuro

     O sistema do futuro é formado com a sufixação de sya ou iya e gua.

Verbos: Conjugação

    Cada verbo possui uma voz verbal: ativo, passivo ou médio. Há também uma voz impessoal, que pode ser descrita como a voz passiva dos verbos intransitivos. Os verbos do sânscrito tem um indicativo, um optativo e um imperativo. Formas mais antigas do idioma tinham um subjuntivo, embora este tenha caído em desuso na época do sânscrito clássico.

Terminações básicas de conjugação

     As terminações de conjugação do sânscrito convêm pessoa, número e voz. Formas diferentes das terminações são usadas dependendo do tempo e modo a que se anexam. Raízes verbais ou as próprias terminações podem ser modificadas ou obscurecidas por sandhi.

Ativo
Médio
Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural
Primário
Primeira pessoa
Mi
Vás
más
É
váhe
máhe
Segunda pessoa
Si
Thás
Thá
ā́the
dhvé
Terceira pessoa
Ti
Tas
ánti, áti
Te
ā́te
ánte, áte
Secundário
Primeira pessoa
AM
í, á
váhi
máhi
Segunda pessoa
S
TAM
thā́s
ā́thām
dhvám
Terceira pessoa
T
Tā́m
án, ús
Ta
ā́tām
ánta, áta, rán
Perfeito
Primeira pessoa
A
É
váhe
máhe
Segunda pessoa
Tha
Áthus
á
ā́the
dhvé
Terceira pessoa
A
Átus
ús
É
ā́te
Imperativo
Primeira pessoa
Āni
Āva
āma
Āi
āvahāi
āmahāi
Segunda pessoa
dhí, hí, —
TAM
Svá
ā́thām
dhvám
Terceira pessoa
Tu
Tā́m
ántu, átu
Tā́m
ā́tām
ántām, átām
Terminações primárias são usadas com as formas do presente indicativo e do futuro. Terminações secundárias são usadas com o imperfeito, condicional, aoristo e optativo. Terminações do perfeito e do imperativo são usadas com o perfeito e o imperativo, respectivamente.

Conjugação do presente

     A conjugação do sistema do presente lida com todas as formas do verbo que utilizam a raiz do presente. Isso inclui o tempo presente em todos os modos, e também o imperfeito indicativo.

 Flexão atemática

     O sistema do presente diferencia entre formas forte e fraca do verbo. A oposição forte/fraco se manifesta diferentemente dependendo da classe:
  • As classes de raiz e reduplicação (2 e 3) não são modificadas nas formas fracas, e recebem guṇa nas formas fortes.
  • A classe nasal (7) não é modificada na forma fraca, e estende o nasal para na forma forte.
  • A classe de nu (5) possui nu na forma fraca e na forma forte.
  • A classe nā (9) possui na forma fraca e nā́ na forma forte. O desaparece quando está antes de uma vogal.
     O presente indicativo leva terminações primárias, e o imperfeito do indicativo leva terminações secundárias. Formas singulares ativas têm acento na raiz e levam formas fortes, enquanto as outras formas têm o acento nas terminações e levam formas fracas.
Indicativo


Ativo
Médio

Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural

Presente
Primeira pessoa
dvémi
dvivás
dvimás
dvié
dviváhe
dvimáhe

Segunda pessoa
dvéki
dviṣṭhás
dviṣṭ
dviké
dviā́the
dviḍḍhvé

Terceira pessoa
dvéṣṭi
dviṣṭás
dviánti
dviṣṭé
dviā́te
dviáte

Imperfeito
Primeira pessoa
ádveam
ádviva
ádvima
ádvii
ádvivahi
ádvimahi

Segunda pessoa
ádve
ádviṣṭam
ádvisa
ádviṣṭhās
ádviāthām
ádviḍḍhvam

Terceira pessoa
ádve
ádviṣṭām
ádvian
ádviṣṭa
ádviātām
ádviata

O optativo leva terminações secundárias. é adicionado à raiz no ativo, e ī no passivo.
Optativo


Ativo
Médio

Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural

Primeira pessoa
dviyā́m
dviyā́va
dviyā́ma
dviīyá
dviīvahi
dviīmahi

Segunda pessoa
dviyā́s
dviyā́tam
dviyā́ta
dviīthās
dviīyāthām
dviīdhvam

Terceira pessoa
dviyā́t
dviyā́tām
dviyus
dviīta
dviīyātām
dviīran

     O imperativo leva as terminações de imperativo. O acento é variável e afeta a qualidade da vogal. Formas com grau gua que gera acento na terminação e aquelas com acento na raiz não têm a vogal afetada.
Imperativo


Ativo
Médio

Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural

Primeira pessoa
dvéṣāṇi
dvéāva
dvéāma
dvéāi
dvéāvahāi
dvéāmahāi

Segunda pessoa
dviḍḍ
dviṣṭám
dviṣṭá
dvik
dviāthām
dviḍḍhvám

Terceira pessoa
dvéṣṭu
dviṣṭā́m
dviántu
dviṣṭā́m
dviā́tām
dviátām

Flexão nominal

     Sânscrito é uma linguagem altamente flexionada com três gêneros gramaticais (masculino, feminino, neutro) e três números (singular, plural, dual). Tem oito casos gramaticais: nominativo, vocativo, acusativo, instrumental, dativo, ablativo, genitivo e locativo.
     O número verdadeiro de declinações é debatível. Panini identifica seis karakas correspondentes aos casos nominativo, acusativo, dativo, instrumental, locativo e ablativo [1]. Panini os define do seguinte modo (Ashtadhyayi, I.4.24-54):
  1. Apadana (lit. 'tirar'): "(aquele que é) firme quando a partida (ocorre)." Equivale ao caso ablativo, que significa um objeto estacionário de que procede movimento.
  2. Sampradana ('favor'): "aquele a quem alguém aponta com o objeto". Equivale ao caso dativo, que significa um recipiente em que um ato de doação ou similar ocorre.
  3. Karana ("instrumento") "aquele que dá mais efeitos." Equivale ao caso instrumental.
  4. Adhikarana ('locação'): ou "substrato." Equivale ao caso locativo.
  5. Karman ('ação'/'objeto'): "o que o agente mais procura atingir". Equivale ao caso acusativo.
  6. Karta ('agente'): "ele/aquele que é independente em ação". Equivale ao caso nominativo. (Baseado em Scharfe, 1977: 94)
     Possessivo (Sambandha) e vocativo não são mencionados na gramática de Panini.
     Nesse artigo as declinações são divididas em cinco. A declinação a que pertence um substantivo é determinada principalmente pela forma.

 O esquema básico de sufixos de declinação para substantivos e adjetivos

     O esquema básico é dado na tabela abaixo—válido para quase todos os substantivos e adjetivos. Contudo, de acordo com o gênero e a consoante/vogal de terminação da palavra-raiz não declinada, há regras predeterminadas de sandhi compulsório que então dariam a palavra declinada final. Os parênteses dão as terminações de caso para o gênero neutro, o resto é para os gêneros masculino e feminino. Ambas a escrita devanagari e a transliteração IAST são dadas.

Singular
Dual
Plural
Nominativo
-स् -s
(-म् -m)
- -au
(-)
-अस् -as
(- -i)
Acusative
-अम् -am
(-म् -m)
- -au
(-)
-अस् -as
(- -i)
Instrumental
-ā
-भ्याम् -bhyām
-भिस् -bhis
Dativo
-e
-भ्याम् -bhyām
-भ्यस् -bhyas
Ablativo
-अस् -as
-भ्याम् -bhyām
-भ्यस् -bhyas
Genitivo
-अस् -as
-ओस् –os
-आम्m
Locativo
-i
-ओस् –os
-सु –su
Vocativo
-स् -s
(- -)
- -au
(-)
-अस् -as
(- -i)

 raízes com a

     Raízes com a (/ə/ ou /aː/) constituem a maior classe de substantivos. Como regra, substantivos pertencentes a essa classe, com a raiz não declinada terminada em a curto (/ə/), são masculinos ou neutros. Substantivos terminados em A longo (/aː/) são quase sempre femininos. Adjetivos com raiz terminada em A são declinados como o masculino e neutro em a curto (/ə/), e feminino em A longo (/aː/) nas suas raízes. Essa classe é tão grande porque também contém as raízes em o proto-indo-européias.

Masculino (kāma-)
Neutro (āsya- 'boca')
Feminino (kānta- 'amado')
Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural
Nominativo
kā́mas
kā́māu
Kā́mās
Āsyàm
āsyè
Āsyā̀ni
kāntā
kānte
kāntās
Acusativo
kā́mam
kā́māu
Kā́mān
Āsyàm
āsyè
Āsyā̀ni
Kāntām
kānte
kāntās
Instrumental
kā́mena
kā́mābhyām
Kā́māis
Āsyèna
āsyā̀bhyām
Āsyāìs
Kāntayā
kāntābhyām
kāntābhis
Dativo
kā́māya
kā́mābhyām
Kā́mebhyas
Āsyā̀ya
āsyā̀bhyām
Āsyèbhyas
Kāntāyai
kāntābhyām
kāntābhyās
Ablativo
kā́māt
kā́mābhyām
Kā́mebhyas
āsyā̀t
āsyā̀bhyām
Āsyèbhyas
Kāntāyās
kāntābhyām
kāntābhyās
Genitivo
kā́masya
kā́mayos
Kā́mānām
Āsyàsya
āsyàyos
Āsyā̀nām
Kāntāyās
kāntayos
kāntānām
Locativo
kā́me
kā́mayos
kā́meu
āsyè
āsyàyos
āsyèu
Kāntāyām
kāntayos
kāntāsu
Vocativo
kā́ma
kā́mau
Kā́mās
ā́sya
āsyè
Āsyā̀ni
kānte
kānte
kāntās

 raízes em i- e u-

raízes em i


Masc. e Fem. (gáti- 'gait')
Neutro (vā́ri- 'water')

Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural

Nominativo
Gatis
Gátī
gátayas
Vā́ri
vā́riī
vā́rīi

Acusativo
Gátim
Gátī
Gátīs
Vā́ri
vā́riī
vā́rīi

Instrumental
Gátyā
gátibhyām
gátibhis
vā́riā
vā́ribhyām
vā́ribhis

Dativo
gátaye, gátyāi
gátibhyām
gátibhyas
vā́rie
vā́ribhyām
vā́ribhyas

Ablativo
gátes, gátyās
gátibhyām
gátibhyas
vā́rias
vā́ribhyām
vā́ribhyas

Genitivo
gátes, gátyās
Gátyos
gátīnām
vā́rias
vā́rios
vā́riām

Locativo
gátāu, gátyām
Gátyos
gátiu
vā́rii
vā́rios
vā́riu

Vocativo
Gáte
Gátī
gátayas
vā́ri, vā́re
vā́riī
vā́rīi


raízes em u


Masc. e Fem. (śátru- 'inimigo')
Neuter (mádhu- 'mel')

Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural

Nominativo
Śátrus
Śátrū
Śátravas
mádhu
mádhunī
mádhūni

Acusativo
śátrum
Śátrū
Śátrūn
mádhu
mádhunī
mádhūni

Instrumental
śátruā
Śátrubhyām
Śátrubhis
mádhunā
mádhubhyām
mádhubhis

Dativo
śátrave
Śátrubhyām
śátrubhyas
mádhune
mádhubhyām
mádhubhyas

Ablativo
Śátros
Śátrubhyām
śátrubhyas
mádhunas
mádhubhyām
mádhubhyas

Genitivo
Śátros
Śátrvos
śátrūām
mádhunas
mádhunos
mádhūnām

Locativo
Śátrāu
Śátrvos
śátruu
mádhuni
mádhunos
mádhuṣu

Vocativo
Śátro
Śátrū
Śátravas
mádhu
mádhunī
mádhūni

 

 

 

 

 

Raízes em vogal longa


raízes em ā (jā- 'progenia')
raízes em ī (dhī- 'idéia', 'pensamento', 'meditação')
raízes em ū (bhū- 'terra')
Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural
Nominativo
jā́s
jāú
Jā́s
Dhī́s
dhíyāu
Dhíyas
bhū́s
bhúvāu
bhúvas
Acusativo
jā́m
jāú
jā́s, jás
Dhíyam
dhíyāu
Dhíyas
Bhúvam
bhúvāu
bhúvas
Instrumental
jā́
jā́bhyām
Jā́bhis
dhiyā́
dhībhyā́m
Dhībhís
bhuvā́
bhūbhyā́m
bhūbhís
Dativo
jā́bhyām
Jā́bhyas
dhiyé, dhiyāí
dhībhyā́m
Dhībhyás
bhuvé, bhuvāí
bhūbhyā́m
bhūbhyás
Ablativo
jás
jā́bhyām
Jā́bhyas
dhiyás, dhiyā́s
dhībhyā́m
Dhībhyás
bhuvás, bhuvā́s
bhūbhyā́m
bhūbhyás
Genitivo
jás
jós
jā́nām, jā́m
dhiyás, dhiyā́s
dhiyós
dhiyā́m, dhīnā́m
bhuvás, bhuvā́s
bhuvós
bhuvā́m, bhūnā́m
Locativo
jós
Jā́su
dhiyí, dhiyā́m
dhiyós
dhīṣú
bhuví, bhuvā́m
bhuvós
bhūṣú
Vocativo
jā́s
jāú
Jā́s
Dhī́s
dhiyāu
Dhíyas
bhū́s
bhuvāu
bhúvas

Raízes em

Raízes em são predominantemente derivados de agente, como dāt 'doador', embora também inclua termos relacionados a parentesco, como pit́ 'pai', māt́ 'mãe' e svás 'irmã'.

Singular
Dual
Plural
Nominativo
pitā́
Pitárāu
Pitáras
Acusativo
pitáram
Pitárāu
pit́n
Instrumental
pitrā́
pit́bhyām
pit́bhis
Dativo
pitré
pit́bhyām
pit́bhyas
Ablativo
pitúr
pit́bhyām
pit́bhyas
Genitivo
pitúr
Pitrós
pitṝṇā́m
Locativo
pitári
Pitrós
pitṛ́ṣu
Vocativo
pítar
Pitárāu
Pitáras

Pronomes pessoais e determinadores

     Os pronomes de primeira e segunda pessoa são declinados de modo parecido, tendo por analogia assimilado-se um com o outro.
Nota: Quando duas formas são dadas, a segunda é enclítica e uma forma alternativa. Ablativos em singular e plural podem ser estendidos pela sílaba -tas; daí mat ou mattas, asmat ou asmattas.

Primeira pessoa
Segunda pessoa
Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural
Nominativo
aham
Āvām
vayam
tvam
Yuvām
yūyam
Acusativo
mām, mā
āvām, nau
asmān, nas
tvām, tvā
yuvām, vām
yuṣmān, vas
Instrumental
mayā
Āvābhyām
asmābhis
tvayā
yuvābhyām
yuṣmābhis
Dativo
mahyam, me
āvābhyām, nau
asmabhyam, nas
tubhyam, te
yuvābhyām, vām
yuṣmabhyam, vas
Ablativo
mat
Āvābhyām
asmat
tvat
yuvābhyām
yuṣmat
Genitivo
mama, me
āvayos, nau
asmākam, nas
tava, te
yuvayos, vām
yuṣmākam, vas
Locativo
mayi
Āvayos
asmāsu
tvayi
yuvayos
yuṣmāsu
O demonstrativo ta, declinado abaixo, também funciona como o pronome da terceira pessoa.

Masculino
Neutro
Feminino
Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural
Singular
Dual
Plural
Nominativo
sás
tāú
Te
tát
Tā́ni
Sā́
tā́s
Acusativo
tám
tāú
Tā́n
tát
Tā́ni
tā́m
tā́s
Instrumental
téna
tā́bhyām
Tāís
téna
tā́bhyām
Tāís
táyā
tā́bhyām
tā́bhis
Dativo
tásmāi
tā́bhyām
Tébhyas
tásmāi
tā́bhyām
Tébhyas
tásyāi
tā́bhyām
tā́bhyas
Ablativo
tásmāt
tā́bhyām
Tébhyam
tásmāt
tā́bhyām
Tébhyam
tásyās
tā́bhyām
tā́bhyas
Genitivo
tásya
táyos
téṣām
tásya
táyos
téṣām
tásyās
táyos
tā́sām
Locativo
tásmin
táyos
téṣu
tásmin
táyos
téṣu
tásyām
táyos
tā́su

Compostos

     Outra característica notável do sistema nominal é o uso muito comum de compostos nominais, que podem ser enormes (10+ palavras) como em algumas linguagens modernas, como o alemão. Compostos nominais ocorrem com várias estruturas, mas, morfologicamente falando, são essencialmente a mesma coisa. Cada substantivo (ou adjetivo) fica na sua forma radical (fraca), e somente o último elemento recebe flexão de caso. Alguns exemplos de compostos nominais incluem:
Dvandva (coordenativo)
Estes consistem em duas ou mais raízes nominais, conectadas, em sentido, com a conjunção 'e'. Há dois tipos principais de construções dvandva em sânscrito. A primeira é chamada de itaretara dvandva, uma palavra composta enumerativa, cujo significado se refere a todos os seus membros constituintes. A palavra composta resultante fica no número dual ou plural e leva o gênero do último membro da construção composta. Por exemplo, rāma-lakşmaņau – Rama e Lakshmana, ou rāma-lakşmaņa-bharata-śatrughnāh – Rama, Lakshmana, Bharata e Satrughna. O segundo tipo é chamado de samāhāra dvandva, uma palavra composta coletiva, cujo significado se refere à coleção dos seus membros constituintes. A palavra composta resultante fica no número singular e sempre neutro em gênero. Por exemplo, pāņipādam – membros, literalmente mãos e pés, de pāņi = mão e pāda = pé. De acordo com alguns gramáticos, há um terceiro tipo de dvandva, chamado de ekaśeşa dvandva, ou composto residual, que leva número dual (ou plural) somente no seu membro constituinte final, por exemplo, pitarau para mātā + pitā, mãe + pai, isto é, pais. De acordo com outros gramáticos, no entanto, o ekaśeşa não é nem propriamente um composto.
Bahuvrīhi (possessivo)
Bahuvrīhi, ou "muito-arroz", denota uma pessoa rica—que tem muito arroz. Compostos bahuvrīhi referem-se (por exemplo) a um substantivo composto sem substantivo principal -- o composto que se refere a algo que, por si mesmo, não é parte do composto. Por exemplo, "cabeça-oca" e "cara-de-pau" são compostos bahuvrihi, já que cabeça-oca não é um tipo de cabeça, e cara-de-pau não é um tipo de rosto. (E um muito-arroz não é um tipo de arroz.) Compare com substantivos compostos mais comuns, como "moinho-de-vento" (um tipo de moinho) ou "óculos de sol" (um tipo de óculos). Bahurvrīhis podem ser geralmente traduzidos como "que possui..." ou "de..."; por exemplo, "que possui muito arroz", ou "de muito arroz".
Tatpuruṣa (determinativo)
Há muitos tatpuruas (um para cada caso nominal, e alguns outros além); em um tatpurua, o primeiro componente está em uma relação de caso com o outro. Por exemplo, em inglês, doghouse (dog, 'cachorro' e house, 'casa') é um composto dativo, uma casa "para" um cachorro, uma "casa de cachorro", e seria chamado de "caturtitatpurua" (caturti refere-se ao quarto caso—isto é, o dativo). Incidentalmente, "tatpurua" é um tatpurua ("esse homem"—significando o agente de alguém), enquanto "caturtitatpurua" é um karmadhārya, sendo ambos dativos, e um tatpurua. Um jeito fácil de entender isso é olhar em exemplos de tatpuruas do inglês (em português, não há tatpuruas): "battlefield" (battle, 'batalha' e field, 'campo', "campo de batalha"), em que há uma relação genitiva entre "field" e "battle", "um field de battle", um "campo de batalha"; outros exemplos incluem relações instrumentais ("thunderstruck" = "fulminado") e relações locativas ("towndwelling" = "habitante de cidades").
Karmadhāraya (descritivo)
A relação do primeiro membro ao segundo é aposicional, atributiva ou adverbial, por exemplo, uluka-yatu (coruja+demônio) é um demônio em forma de coruja.
Amreḍita (iterativo)
Repetição de uma palavra expressa repetitividade, por exemplo, dive-dive 'dia a dia', 'diariamente'.

Sintaxe

     Devido ao complexo sistema de declinações do sânscrito, a ordem das palavras é livre (com tendência de SOV) (sujeito + objeto + verbo).

 Numerais

Os números de um a dez:
  1. éka-
  1. dva-
  1. tri-
  1. catúr-
  1. páñcan-
  1. á-
  1. saptán-
  1. aṣṭá-
  1. návan-
  1. dáśan-

     Os números de um a quatro são declináveis. Éka é declinado como um adjetivo pronominal, mas a forma dual não ocorre. Dvá só aparece no dual. Trí e catúr são declinados irregularmente:

Três
Quatro
Masculino
Neutro
Feminino
Masculino
Neutro
Feminino
Nominativo
tráyas
trī́ṇi
Tisrás
catvā́ras
catvā́ri
cátasras
Acusativo
trīn
trī́ṇi
Tisrás
catúras
catvā́ri
cátasras
Instrumental
tribhís
tisṛ́bhis
catúrbhis
catasṛ́bhis
Dativo
tribhyás
tisṛ́bhyas
catúrbhyas
catasṛ́bhyas
Ablativo
tribhyás
tisṛ́bhyas
catúrbhyas
catasṛ́bhyas
Genitivo
triyāṇā́m
tisṛṇā́m
caturṇā́m
catasṛṇā́m
Locativo
triṣú
tisṛ́ṣu
catúrṣu
catasṛ́ṣu

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